Sandbox, Open Insurance e a circular SUSEP Nº 639/2021

Por Revista Cobertura.

Na visão de Marcos Couto, esses foram os movimentos mais transacionais dos últimos tempos. Segundo ele, a concentração de seguradoras no mercado dificulta a realização de negócios

Marcos Couto, CEO da Alper Consultoria em Seguros, participou do evento em comemoração dos 63 anos do Clube dos Seguradores da Bahia, no dia 6 de abril, com a presença de lideranças do mercado e de seguradores. Ele contou que quando chegou à Alper, há cerca de cinco anos, ela era basicamente voltada para benefícios. “80% dela era benefícios e junto à vice-presidência e à minha diretoria, a gente vem diversificando-a fortemente. Hoje, somos uma corretora completa, com padrão completo para atender o cliente no todo”.

Com a sua experiência nos dois lados, seguradora e corretora, Couto apresentou aos presentes como funciona o mercado atual, concentrado demais em poucas seguradoras, as mudanças que já estão acontecendo com o digital cada vez mais presente e explicou as vantagens da existência das consolidadoras de corretoras, o que é uma realidade no mundo todo.

Em números, ele ilustrou que hoje são 161 seguradoras, 959 operadoras de planos de saúde, 146 empresas de resseguros, 16 de capitalização, 13 de previdência, quase 94 mil corretores de seguros, 177 mil empregos diretos no setor e cerca de 4 mil profissionais correlacionados de serviços no mercado.

“São números muito relevantes, mas tem poucas seguradoras tomando risco de verdade. De um total de R$ 306 bilhões em prêmio emitidos, apenas sete seguradoras faturam acima de R$ 10 bilhões. Juntas, elas detém cerca de 71% dos prêmios emitidos. Quanto mais parceiros consolidados, mais difícil de fazer negócio”, afirmou.

Segundo ele, com a adoção cada vez maior da tecnologia e o aumento do número de insurtechs, o mercado passará cada vez mais por mudanças. “No Brasil, somente no ano passado, foram aportados US$ 318 milhões em 27 insurtechs, empresas inovadoras em seguros. No mundo são cerca de 900 insurtechs e no Brasil entre 160 e 170. São novas corretoras ou seguradoras, ou distribuidoras surgindo e capitando muito dinheiro”.

Mudança de paradigma – Para Couto, o sandbox, o Open Insurance e a circular SUSEP Nº 639/2021, foram os movimentos recentes que ele considera os mais transformacionais e poderosas para o mercado. “Se eu não estou enganado, antes do sandbox, nasceram quatro seguradoras no País nos últimos 20 anos. O mercado está com uma concentração absurda e cada dia mais difícil de fazer negócio. Com o sandbox, já saiu a aprovação de 10 novas seguradoras e agora estão para ser aprovadas mais 20”.

Sobre o Open Insurance, Couto disse que ainda é preciso uma conversa ampla, por se tratar de distribuição de dados e encontrar os dados certos para precificar. Para ele, a iniciativa mais transacional do mercado foi a Circular Nº SUSEP 639/2021. “Ela nos permite inovarmos de verdade, principalmente as seguradoras. Antes, para o automóvel, residência, vida e várias coberturas para o cliente, eu teria que vender cada apólice e fazer a gestão separadamente. Com essa circular, a seguradora pode combinar várias coberturas em uma única apólice”.

Consolidadores – Couto também destacou a relevância dos corretores de seguros. “Nem aqui e nem no mundo, as seguradoras têm força de venda direta, claro que tem algumas exceções que vendem diretamente, mas 98% da distribuição é pelo corretor, no mundo inteiro a característica do mercado é igual, sem barreira de entrada para o corretor e completamente pulverizado. Em um mercado tão amplo é natural que surjam os consolidadores”.

E desmitificou que isso seja ruim. “Existir consolidadores é muito bom. É a chance do corretor fazer o evento de liquidez da vida dele. Aliás, se alguém se achar agredido quando alguém tem interesse em comprar a sua corretora, sinta-se orgulhoso se eu bater na sua porta amanhã, pois você me causou uma atração, o seu negócio é interessante, a sua carteira de clientes é bacana. A consolidação da corretagem é muito interessante para toda a indústria de seguros e isso é assim no mundo inteiro”, esclareceu.

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