CNseg apresenta projetos para transição climática na Cúpula Global de Seguros Sustentáveis, em Los Angeles
Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, durante Cúpula Global de Seguros Sustentáveis.
A Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) participou ativamente da Cúpula Global de Seguros Sustentáveis, realizada entre os dias 9 e 10 de abril, e organizada pelo departamento de Seguros do Estado da Califórnia, em parceria com a Ceres, organização sem fins lucrativos para sustentabilidade do mercado de capitais.
Ao longo de dois dias, a delegação brasileira discutiu parcerias, inovações em políticas e mitigação de riscos e soluções de seguros para lidar com os riscos climáticos, e ainda pôde apresentar em detalhes dois importantes projetos para transição climática para um público de executivos de organizações de seis continentes, incluindo especialistas em políticas climáticas, reguladores e empresas de seguros, cientistas e organizações não-governamentais.
Durante o painel “Ampliando a Sustentabilidade em Seguros”, o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, apresentou o Roadmap de Sustentabilidade em Seguros da CNseg, um documento que orientará as ações da Confederação para fomentar práticas mais sustentáveis e a sinergia entre as agendas de sustentabilidade e relações de consumo na construção de produtos adaptados à necessidade do consumidor.
Dyogo enfatizou que o Roadmap brasileiro possui três eixos principais que vão refletir as necessidades e desafios específicos de Seguros Gerais, Previdência Privada, Vida, Saúde Suplementar e Capitalização com ênfase particular nos temas ambientais, sociais e de governança. Os três eixos são: a) promoção de uma transição justa para economia sustentável e de baixo carbono; b) o estímulo à resiliência da sociedade frente às mudanças climáticas; e c) e a promoção da inclusão e combate à desigualdade
“Sabemos que a transição climática tem diferentes implicações em níveis nacional, regional e global e que não há resposta simples para isso. Por isso, o setor segurador está desempenhando um papel importante neste processo construindo produtos e serviços para melhor gerenciar os riscos crescentes que estamos enfrentando devido às mudanças climáticas”, disse Dyogo.
Regulador da Califórnia fala sobre a importancia do encontro
Para Ricardo Lara, Comissário do Departamento de Seguros da Califórnia, órgão regulador do setor no Estado, as mudanças climáticas estão impactando o setor de seguros de uma forma global, e a possibilidade de se reunir tantos atores importantes nessa discussão é vital para o mercado. “As mudanças climáticas estão tendo um efeito negativo nos mercados seguradores, não apenas nos Estados Unidos, mas em todo o mundo. Nós trouxemos especialistas, a academia, os reguladores de todo o mundo e a indústria de seguros para descobrir como colaborarmos para garantir que mantenhamos os seguros disponíveis e acessíveis, e, mais importante, como usamos os seguros e outros mecanismos financeiros para nos ajudar a proteger contra o atual cenário de mudança climática”, disse.
Lara ainda parabenizou o roadmap brasileiro e destacou a importancia dessas ferramentas na construção de soluções globais. “Será muito importante essa união de ações. Precisamos olhar as demandas regionais a partir desses roadmaps que trazem as visões locais de segurança sustentável para nossos consumidores, para nossos negócios, e como protegemos o nosso planeta para o futuro”
Fechando as lacunas de proteção frente às mudanças climáticas
No painel “Não deixando ninguém para trás: Inclusão financeira e fechando as lacunas de proteção frente às mudanças climáticas”, o presidente da Confederação Nacional das Seguradoras apresentou o modelo de seguro social de catástrofe como uma ferramenta para minimizar as recorrentes tragédias climáticas enfrentadas no Brasil.
Dyogo Oliveira explicou que o modelo para Seguro Social contra Catástrofe, em debate com o governo brasileiro e com o Congresso Nacional, funcionaria como um instrumento de proteção e amparo financeiro para a população atingida pelos desastres provocados por chuvas, inundações, alagamentos ou deslizamentos.
“Claramente os países menos desenvolvidos e as populações de menor renda terão impacto muito maior que os países ricos e a população com maior renda”, falou durante sua apresentação. “É impossível se pensar em uma resposta única para proteger a população da emergência climática de forma justa. Se quisermos efetivamente não deixar ninguém para trás quanto às mudanças climáticas, é preciso adaptar diferentes estratégias ao contexto de cada país, de cada região”.
A importancia da inclusão de todos na proteção securitária
Para Steven Rothstein, diretor-gestor da Ceres e participante do mesmo painel, é preciso que haja um olhar global e inclusivo para as pessoas que hoje não conseguem ter acesso ao seguro, seja nos EUA ou em muitos outros países, um problema que vem piorando. “Há cada vez menos disponibilidade de seguros e os preços estão duplicando, triplicando. Nós, da Ceres, temos dois importantes reportes, sendo um em que detalhamos o problema, e o outro no qual indicamos uma série de recomendações para os três níveis de governo (federal, estadual e local), mas também para a iniciativa privada, seguradoras e entidades sem fim lucrativos, apontado o que podem fazer para endereçar essa questão”.
Em seu discurso, Steven ainda destacou a importancia do planejamento para que as ações futuras possam incluir a todos, especialmente aqueles em regiões mais propensas a sofrer com os impactos das mudanças climáticas. “É preciso que tenhamos claro o que somos hoje, em 2024, e onde queremos estar em 2026, 2030, 2040 e 2050, observando todos os mais diferentes setores da economia. O clima afeta a todos, mas Deus não sabe se você é da América Latina ou dos Estados Unidos. Algumas pessoas serão mais afetadas e têm menos flexibilidade financeira para lidar com incêndios ou inundações. Então, você precisa de programas prevendo todas essas questões.
O papel do seguro na descarbonização da economia
Para o Butch Bacani, líder da Iniciativa de Seguros Sustentáveis (PSI) da Organização das Nações Unidas, o setor de seguros pode ajudar o processo de transição climática de diversas maneiras, especialmente através da descarbonização da economia. “As empresas do setor de seguros podem desenvolver uma política de subscrição de atividades em empresas em seus portfólios que sejam particularmente intensivas em emissões de carbono e poderia atuar junto a esses clientes para que desenvolvam planos para redução de emissões”.
Butch acredita ainda que as novas tecnologias que vêm sendo desenvolvidas em busca da “emissão zero”, especialmente no que trata de energia renovável, tecnologias de emissões negativas que sequestram o carbono da atmosfera, soluções baseadas na natureza. “As seguradoras terão papel relevante em garantir a transição em todas essas novas tecnologias que vão ajudar o planeta a reduzia as emissões de gases”.
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